Reflexões Atuais Sobre Dependência Química e Aprisionamento: uma Discussão a Partir do Estado da Arte Entre os Anos de 2005 a 2017

Autores

  • Alessandra Siqueira Santos Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste. MS, Brasil.
  • Paulo Roberto Haidamus de Oliveira Bastos Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste. MS, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.17921/1415-6938.2019v23n3p189-197

Resumo

As políticas públicas brasileiras, em especial, as que tratam da questão da dependência química na saúde, não obstante têm sido norteadas na atualidade por discursos ideológicos e reducionistas. Os custos sociais, emocionais e econômicos causados pela doença tendem a aumentar enquanto o foco estiver em soluções de cunho imediatista. Com isto, o encarceramento por tráfico de drogas se intensifica visivelmente e se constata a relação com o consumo de drogas ilícitas e sua criminalização, sendo este cenário, significativamente, fomentado ainda pela relação entre drogas, violência, aprisionamento e, reincidência penitenciária. No estudo em questão se procurou observar à luz dos trabalhos pesquisados a forma de condução das estratégias voltadas à dependência química e ao indivíduo vulnerável e, por vezes, em situação de aprisionamento. Trata-se de estudo na forma do “Estado da Arte” ou “Estado do Conhecimento” como método, sobre a relação da dependência química e aprisionamento. A pesquisa e levantamento do material foram realizados entre novembro de 2018 a março de 2019, nos bancos de dados: SciELO, Pubmed, Lilacs, Medline e Capes, sendo a amostra final composta por dez estudos. As discussões em torno da dependência química devem ser pautadas em políticas públicas acessíveis que possam viabilizar os aspectos biopsicossociais que permeiam o indivíduo em vulnerabilidade, de forma a torná-las estratégias assertivas no tratamento da doença.

 

Palavras-chave: Usuário de Drogas. Drogas Ilícitas. Prisões e Sistema Penitenciário.

 

Abstract

The Brazilian public policies, especially those dealing with chemical dependence issues have been currently guided by ideological and reductionist discourses. The social, emotional and economic costs caused by the disease tend to increase as long as the focus is on immediate solutions. Thereby, the incarceration for drug trafficking has visibly intensified and the relationship between illicit drugs use and criminalization is also evident, being this scenario significantly fomented still by the relationship  among  drugs, violence, imprisonment and penitentiary recidivism. In the study in question, it was tried to observe in the light of the researched studies the way of conducting the strategies focused on chemical dependence and the vulnerable person and sometimes in prison situation. It is a study in the form of the “State of Art” or “State of Knowledge” as a method, on the relationship of chemical dependency and imprisonment. The material research and survey were conducted from November 2018 to March 2019, in  SciELO, Pubmed, Lilacs, Medline and CAPES databases, and the final sample consisted of ten studies. Thus, it was concluded that discussions about chemical dependence should be guided by accessible public policies that can enable the biopsychosocial aspects that permeate the individual in vulnerability, in order to make them assertive strategies in the disease treatment. Keywords: Drug User. Illicit Drugs. Prisons and Penitentiary System.

Biografia do Autor

Alessandra Siqueira Santos, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste. MS, Brasil.

Ciências da Saúde e Serviço Social (Interdisciplinar)

Referências

ADORNO, S.; BORDINI, E. Reincidência e reincidentes penitenciários em São Paulo – 1974 a 1985. Rev. Bras. Ciênc. Soc., v.9, n.3, p.70-94. 1986.

AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders. DSM-5, 2016.

BRASIL, Ministério da Saúde. Legislação em Saúde Mental – 2004 a 2010. Brasília: Colegiado de Coordenadores de Saúde Mental, 2010.

BRASIL. LEI - Nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Lei Antidrogas. Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília - DF, 24 ago. Seção 1, p. 02.2006.

BRASIL, Ministério da Saúde. OPAS/OMS e UNODC expressam preocupação com as ações sobre drogas em São Paulo. 2017. Disponível em: https://www.paho.org/bra/images/stories/GCC/nota_opas_unodc_28maio2017_drogas.pdf?ua=1. Acesso em: 5 dez. 2018

CARRANZA, D.V.V.; PEDRAO, L.J. Satisfação pessoal do adolescente viciado em drogas no ambiente familiar durante a fase de tratamento em um instituto de saúde mental. Rev. Latinoam. Enferm., v.13, p.836-844, 2005.

CAMPOS, M.S. Pela metade: as principais implicações da nova lei de drogas no sistema de justiça criminal em São Paulo. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2015.

DEGASPERI, N.D. Drogas, políticas sociais e serviço social. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2013.

FERREIRA, N.S.A. As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educ. Soc., v.23, n.79. p.257-272. 2002.

IAMAMOTO, M.V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 2009.

LARANJEIRA, R. Legalização de drogas e a saúde pública. Ciênc. Saúde Coletiva, v.15, n.3, p.621-631. 2010.

LEMGRUBER, J. Reincidência e reincidentes penitenciários no sistema penal do Estado do Rio de Janeiro. Rev. Esc. Serv. Penitenc. Rio Grande Sul, v.1. n.2. p.45-76. 1989.

LERMEN, H.S.; DARTORA, T.; CAPRA, R. Drogadição no cárcere: questões acerca de um projeto de desintoxicação de drogas para pessoas privadas de liberdade. Estud. Pesq. Psicol., v.14, n.2, p. 539-559. 2014.

LIMA, W.C; LIMA, W.C. Drogas, mídia e sistema prisional: uma análise criminológica. Santa Maria: UFSM, 2015.

MARTINELLI, M.L. O serviço social e a consolidação de direitos: desafios contemporâneos. Serv. Soc. Saúde, v.10. n.2. p.1-17. 2015.

SANCHES, R.R. Delenda proibicionismo: apontamentos críticos ao paradigmade guerra às drogas, 2010. Dispoonivel em: https://repositorio.unesp.br/handle/11449/97587

TORRES, A.C; GOMES, M.C. Drogas e prisões: Relações próximas. Rev. Tóxicodep., v.11, n.2, p.23-40. 2005.

TAVARES, G; ALMEIDA, R.M.M. Violência, dependência química e transtornos mentais em presidiários. Estud. Psicol., v.27. n.4. p.545-552. 2010.

PRATES, F.P. Consumo de substâncias psicoativas em adultos do sexo masculino privados de liberdade. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2016.

RIBEIRO, M.A.; LARANJEIRA, R. Evolução do conceito de dependência [atualizada, com comentários sobre o DSM-5]. In: GIGLIOTTI, A.; GUIMARÃES, A. Dependência, compulsão e impulsividade. Rio de Janeiro: Rubio, 2016.

SAPORI, L.F; SANTOS, R.F; MAAS, L.W.D. Fatores sociais determinantes da reincidência criminal no Brasil: o caso de Minas Gerais. Rev. Bras. Cienc. Soc., v.32. n.94, 2017.

SANTOS, C.E.D. Políticas e práticas de cuidado da rede portuguesa de intervenção nos comportamentos aditivos e nas dependências: contribuições para o modelo brasileiro. Assis: Universidade Estadual Paulista, 2017.

IPEA. Reincidência Criminal no Brasil – Relatório de Pesquisa. 2015. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/150611_relatorio_reincidencia_criminal.pdf. Acesso em: 12 jan. 2019.

WORLD DRUG REPORT, United Nations publication, Sales No. E.18.XI.9. O United Nations Office on Drogs and Crime e a resposta às drogas. 2018. Disponível em:https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2018/06/relatorio-mundial-drogas-2018.html. Acesso em: 12 jan. 2019

Downloads

Publicado

2019-12-18

Como Citar

SANTOS, Alessandra Siqueira; BASTOS, Paulo Roberto Haidamus de Oliveira. Reflexões Atuais Sobre Dependência Química e Aprisionamento: uma Discussão a Partir do Estado da Arte Entre os Anos de 2005 a 2017. Ensaios e Ciência C Biológicas Agrárias e da Saúde, [S. l.], v. 23, n. 3, p. 189–197, 2019. DOI: 10.17921/1415-6938.2019v23n3p189-197. Disponível em: https://ensaioseciencia.pgsscogna.com.br/ensaioeciencia/article/view/7465. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos